PROTOCOLO DE PERIODONTIA - ANAMNESE, AVALIAÇÃO CLÍNICA PERIODONTAL, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA GENGIVITE
ANAMNESE, AVALIAÇÃO CLÍNICA PERIODONTAL, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA GENGIVITE
1. Anamnese
1.1 História do Paciente: Sua situação social e econômica, condição clínica
geral. Esta avaliação tem o intuito de identificar imediatamente os
fatores comprometedores ou de risco que possam modificar o plano de tratamento.
1.2 Queixa principal e expectativas: Importante perceber as necessidades
do paciente e seus anseios sobre o tratamento.
1.3 História social e familiar: Buscar conhecer melhor o ambiente
social do paciente e saber suas prioridades na vida, inclusive suas atitudes
quanto à terapia periodontal. Também a história familiar, especialmente em
relação às formas agressivas de periodontite.
1.4 História dentária: Avaliação do cuidado dentário anterior
e as visitas de manutenção. Relação aos sinais e sintomas de periodontite
descrito pelo paciente como o sangramento da gengiva, mobilidade dentária,
dificuldade de mastigar.
1.5 Hábitos de higiene oral: Saber a frequência e a duração da escovação dentária diária. também
avaliar seu conhecimento sobre as ferramentas de limpeza dentária e sua forma
de utilização.
1.6 História de tabagismo: Conhecer o tempo de exposição e a quantidade de cigarros por dia. Dado
importante pelo fato do tabaco ser um fator de risco aos tecidos periodontais.
1.7 História patológica pregressa e medicamentosa: Informações clínicas
gerais podem ser extraídas a partir do questionário de saúde construído para
analisar quaisquer fatores de risco clínico para a terapia periodontal. As
quatro maiores complicações encontradas nos pacientes podem ser prevenidas pela
análise da história clínica com respeito aos: Riscos cardiovasculares e
circulatórios; Distúrbios hemorrágicos; Riscos infecciosos; Reações alérgicas.
1.8 Teste genético antes da terapia periodontal: Em algumas situações
se tem a opção (se necessário) de realizar a triagem genética sistemática dos
pacientes com doenças periodontais, com intuito de avaliar os polimorfismos
gênicos de citocinas.
2. Avaliação clínica (Sinais e sintomas
das doenças periodontais e sua avaliação).
Detectar e determinar as condições periodontais. Importante examinar
todas as partes da dentição.
2.1 Instrumentos necessários (mesa clínica): Espelho clínico,
pinça clínica, sonda exploradora nº5, sonda periodontal milimetrada (willians),
sonda de Nabers, gaze estéril.
2.2 Parâmetros clínicos avaliados:
Característica gengivais: Coloração, contorno e textura superficial,
sensibilidade dolorosa, posição gengival.
Índice de placa:
Determinar a presença do biofilme dental, sendo relacionado com o
grau de higiene do paciente. Pode utilizar sonda exploradora nº5 para detectar
o biofilme e evidenciador (azul de metileno, fucsina verde de malaquita etc.)
Pág: 647 Figura 36.10. Solução evidenciadora.
Considerar a presença de fatores retentores de biofilme (anatomia
dental, presença de cálculo supragengival, condição das restaurações, presença
de próteses e também cavidades de cárie).
Índice de sangramento:
O sangramento indica inflamação tecidual. Com uma sonda periodontal
introduzida no ‘’fundo’’ do sulco com aplicação de força leve e movida delicadamente
ao longo da superfície dentária (raiz) . Se o sangramento for provocado na
remoção da sonda, o local examinado é considerado ‘’BoP’’- positivo e
consequentemente está inflamado.
Profundidade da sondagem:
Pág: 517 Figura 29.5. Profundidade da bolsa à sondagem em conjunto ao sangramento à sondagem.
A profundidade à sondagem é a distância da margem gengival ao fundo do
sulco/bolsa gengival.
POR QUE SONDAR?
A profundidade de sondagem determina a condição periodontal, a necessidade de instrumentação periodontal e até onde devemos chegar com o instrumento periodontal.
É medida por milímetros por uma sonda periodontal milimetrada
(willians), tem-se com sensibilidade uma resistência elástica.
Faces LIVRES: sonda paralela a superfície dental. INTERPROXIMAIS: sonda
levemente inclinada para sondar na área logo abaixo do ponto de contato.
Pág 29.7Figura
29.7. Exemplos de sonda periodontais.
A profundidade do sulco/bolsa deve ser avaliada em cada uma das
superfícies de todos os dentes da dentição.
Pág 520. Figura: 26.10 A: presença de células inflamatórias. B:
Depois da terapia periodontal bem sucedida.
ERROS NA SONDAGEM PERIODONTAL
Podendo
ocasionar um exame sub ou super-valorizado, estes são:
- Característica da sonda (espessura, tipo de
ponta).
- Angulação incorreta da sonda.
- Presença de cálculo e material restaurador
(dificultando a entrada adequada da sonda).
- Força de sondagem (excesso ou falta).
- Inflamação tecido conjuntivo (penetração
facilitada).
- Presença de bolsa gengival (aprofundamento do
sulco gengival como consequência do aumento na dimensão da gengiva, sem
ocorrer perda de inserção).
Posicionamento da margem gengival: Medida da junção cemento-esmalte à
margem gengival.
Aumento gengival: Migração da margem gengival no sentido coronário a
junção cemento-esmalte, recobrindo a coroa anatômica.
Pág 903 Figura 46.2. Faixa larga da gengiva
inserida.
Retração gengival: Migração da margem gengival no sentido apical a junção
cemento-esmalte, expondo as superfície radicular ao ambiente bucal.
Pág: 905 Figura 46.5. Retração gengival associada a lesão
inflamatória localizada induzida por placa.
Nível de inserção periodontal:
Distância da junção cemento-esmalte à base do sulco gengival/bolsa
periodontal.
Em caso de retração gengival obtemos o nível de inserção somando a
medida de retração com a profundidade de sondagem (NIC=PS+RG).
Em caso de aumento gengival obtemos o nível de inserção subtraindo a
medida do aumento gengival com a profundidade de sondagem (NIC= PS - AG).
IMPORTANTE:
O
nível de inserção é o parâmetro que determina a extensão da destruição dos
tecidos periodontais. É único parâmetro que pode determinar se está havendo
perda progressiva do periodonto por conta da doença.
Mobilidade dental:
Deslocamento do elemento dental em 1 ou várias direções.
A mobilidade pode ser fisiológica ou patológica, por esta razão deve-se
determinar a origem da mobilidade dental estes: periodontal, endodôntica,
oclusal ou ortodôntica.
Para a realização do exame deve-se utilizar instrumentos rígidos, como
cabo do espelho.
A mobilidade pode ser classificada
em :
- GRAU 0: mobilidade “fisiológica” de 0,1 a 0,2
mm na direção horizontal.
- GRAU 1: aumento da mobilidade de no máximo 1
mm na direção horizontal.
- GRAU 2: aumento da mobilidade em mais de
1 mm na direção horizontal.
- GRAU 3: grave mobilidade na direção horizontal
e vertical, interferindo na função do dente.
Lesão de furca: A progressão da periodontite ao redor dos dentes multirradiculares pode envolver a destruição das estruturas de suporte da área da ramificação.
Se verifica com uma sonda Nabers e classifica segundo a perda de
inserção periodontal horizontal.
Pág 523. Figura 29.14 A e B: O envolvimento de furca é explorado com o uso dee uma sonda periodontal curva com graduações de 3 mm (sonda Nabers).
GRAU 1: perda horizontal do tecido de suporte que não excede um ⅓ da largura do dente (até 3 mm).
GRAU 2: pedra horizontal do tecido de suporte, além de ⅓ do dente, porém sem atravessar de ‘’lado a lado’’ a área de furca. (maior que 3 mm).
GRAU 3: perda horizontal de tecido abrangendo a área total da furca, sonda atravessa a furca de ‘’lado a lado’’
3. Exame radiográfico:
Exame complementar. Com ela podemos observar:
Pág: 698. Figura 38.12 Radiografia.
- Tipo de reabsorção óssea interproximal.
- Presença de defeitos ósseos interproximais.
- Característica das raízes.
- Quantidade de inserção das raízes em tecido ósseo.
- Qualidade de tratamento endodôntico.
4. Preenchimento Periograma
Com estas informações coletadas se faz o preenchimento do
periograma:
Imagem retirada da internet. Site: periodontalchart-online.com
5. Diagnóstico das lesões periodontais:
5.1 Gengivite:
- Sinais e sintomas confinados a gengiva.
- Presença de placa bacteriana.
- Alteração na coloração gengival (avermelhada).
- Alteração do contorno gengival.
- 10% ou mais dos sítios com sangramento à
sondagem.
- Sítios com profundidade menor ou igual que 3
mm.
- Ausência de perda de inserção e óssea.
- Sensibilidade.
⦁ Presença de bolsa periodontal
Pág 515. Figura 29.1 Paciente com periodontite crônica generalizada avançada com envolvimento de furca.
6. Tratamento Gengivite
6.1 Procedimento periodontal básico:
Orientação da higiene bucal.
Motivação para a realização da higiene bucal e motivação para a mudança de hábitos.
Controle mecânico do biofilme dental pela técnica de Bass Modificada e uso do fio dental.
Pág: 649. Figura: 36.1, 36.2. Instruções para escovação manual.
Controle químico do biofilme dental (só indicado nos casos em que o controle mecânico da placa dental não está sendo efetivo e/ou quando o paciente apresenta ausência da coordenação motora).
Raspagem, Alisamento e Polimento
Remoção de fatores retentivos de placa (cárie, restauração mal adaptada, próteses).
Como realizar a raspagem supra e subgengival (RAP)?
Materiais necessários: Sugador, Cuba metálica, Seringa com agulha, Soro fisiológico, Gaze, Trio clínico, Sonda Willians e Nabers, Escova robinson, Pasta profilática, Pote dappen, Taça de borracha, Curetas, Pedra de afiação e Ultrassom.
Curetas Gracey e Mini Gracey:
1-2 e 3-4: Dentes anteriores
5-6: Dentes anteriores e pré-molares
7-8 e 9-10: Dentes posteriores face vestibular e lingual/palatal.
11-12: Dentes posteriores região mesial.
13-14: Dentes posteriores região distal.
Curetas McCall:
- 13-14: Dentes anteriores, todas as faces.
- 17-18: Dentes posteriores, todas as faces.
Pág: 692. Figura 38.2. Variedade de curetas com várias configurações.
Técnica operatória:
1. Posicionamento correto do operador e paciente. Perfeita iluminação. Mesa limpa e organizada.
Pág 696 Figura 38.11. Posição do dentista/paciente.
2. Instrumentos afiados:
Pág 695. Figura 38.8 Afiação de um cureta, a geometria original da borda cortante precisa ser
mantida durante o procedimento de afiação.
3. Utilização do instrumento adequado para a superfície específica.
Pág 692 Figura 38.4 Diferentes instrumentos para cada função. A: Foice. B: Enxada C: Lima.
4. Controle apropriado da saliva, sangue e eliminação de detritos (sugador).
5. Apoio digital correto (intra ou extra oral). Empunhadura correta e segura do instrumento (caneta modificada). Dedos médios na haste do instrumento, indicador e polegar no cabo. Movimento de mão, punho e antebraço.
Pág 693 Figura 38.6 Ilustração esquemática da empunhadura de caneta modificada e descanso de quarto dedo.
6. Movimento de raspagem e alisamento: paralelo ao dente.
Pág: 693 Figura 38.5. Efeito de diferentes angulações. A: ângulo correto. B e C: incorreto.
7. Acesso subgengival cuidadoso e suave. Ativação do instrumento:
Pág 694 Figura 38.7
A: Entrada da cureta, angulação quase 0°.
B: O fundo da bolsa é identificado com a borda distal da lâmina da cureta.
C: Cureta é virada para um posição cortante apropriada para a raspagem
D: A lâmina é movimentada ao longo da superfície radicular em movimentos de raspagem para remover o cálculo.
8. Avaliação da área raspada com sonda exploradora ou periodontal e visualmente (superfície radicular deve estar limpa, lisa e dura).
9. Fazer irrigação dos tecidos.
10. Retorno em 45/60 dias.
Imagens retiradas do livro: Tratado de periodontia clínica e implantologia oral. Sexta edição. Autores: Jan LINDHE e Niklaus P. LANG.
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